EU NÃO GOSTO DE ENCRENCAS, MAS ELAS GOSTAM DE MIM.

segunda-feira, janeiro 22, 2007

ANALDA

Analda é a minha hemorróida. Pode parecer engraçado, curioso até, dar nome a uma hemorróida, mas na minha família acreditamos que nomear as coisas é uma boa forma de torná-las mais interessantes e familiares.
Analda, ao contrário das outras hemorróidas das quais eu já ouvi falar, prima pela discrição – dado seu tamanho reduzido – e pela sua pequena assiduidade em minha bunda. Nas vezes em que aqui compareceu, sangrou apenas duas ou três vezes, nunca fazendo estardalhaço. Já me causou dor e desconforto, mas jamais algo insuportável.
Por duas vezes Analda foi submetida ao bisturi de um proctologista japonês de humor sarcástico – penso ser o sarcasmo algo necessário a tal especialidade médica – para a remoção dos coágulos que a trouxeram, e sempre com sucesso. No entanto, não posso de maneira alguma perdoar-lhe a vez em que, por causa dela, fui parar no consultório de um médico vil e certamente muito do mal-intencionado que me tirou a honra enfiando-me uma micro-câmera rabo adentro.
Há tempos Analda anda ausente, mas como diz a sabedoria popular, “não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe.” Assim, essas mal traçadas linhas são para você, Analda. Uma homenagem à sua bem-vinda ausência, desgraçada.

P.S.: Aos desavisados e maliciosos, hemorróidas não são causadas pelo que entra, mas sim pelo que sai.
Budapeste, 13.04.2005